Projeto de Urbanização da Comunidade Parque Nova Esperança
A comunidade do Parque Nova Esperança está localizada dentro do perímetro urbano consolidado ocupando uma área de cerca de 62.780,00 m². Situada em nível inferior à Avenida Brasil, possui uma configuração plana, com pequenas declividades no sentido sul/norte, drenando para o Canal Calogi. Recebe contribuições das bacias a montante/sul que provocam inundações na área, antes da captação pelo Canal Calogi.
Sua delimitação física é bem definida, estando limitada pela Avenida Brasil, ao sul; pelo Canal Calogi, afluente do rio Meriti, ao norte; pelas linhas de transmissão da concessionária Light, à oeste; e pela linha férrea operada pela concessionária Supervia, ‘a leste.
Considera-se que a área ocupada pela Comunidade Parque Nova Esperança originalmente pertencia a cinco sitiantes que em conjunto a venderam a três pessoas associadas. A área ficou abandonada até a chegada das primeiras famílias que deram origem a atual comunidade.
Aqueles que reivindicam a propriedade do terreno entraram na Justiça em 1983 solicitando reintegração de posse da área, sendo indeferido o pedido de liminar. O governador à época, Leonel Brizola, iniciou conversações para implementos na área, sem que, no entanto, houvesse desdobramento.
O Plano de intervenção está referenciado nos seguintes parâmetros:
a) garantir a acessibilidade veicular nas vias limites da área;
b) hierarquizar o sistema viário, optando por vias periféricas com tráfego de veículos e interligá-las às vias internas da comunidade por vias de pedestres e carroçáveis, estendendo a coleta de lixo e demais serviços públicos e privados;
c) criar condições de acessibilidade a todos os pontos da comunidade, eliminando as barreiras físicas, ao menos contornando-as, utilizando rampas com declividade suave, a exemplo do que ocorre nos becos e ruas perpendiculares à Rua Margem da Linha, etc.;
d) vedar as passagens de nível pela via Férrea (vãos de acesso para pedestres) e construir uma passarela ligando a área de lazer (proposta) abaixo e limítrofe à viaduto da Av. Brasil com o lado oposto da via Férrea;
e) criar uma barreira vegetal, desestimulando a ocupação irregular nas áreas de preservação, ao longo da margem do Canal Calogi e da área limítrofe à Av. Brasil;
f) criar áreas de interesse comunitário com a implantação de equipamentos sociais (creche e centro comunitário), de tal forma que integre a comunidade local às populações vizinhas;
g) Criar áreas alternativas para ocupação predial, tanto aquelas que se encontram em áreas de risco como para reassentamento das construções que, por necessidade de projeto, tenham que ser realocadas.
Infra-estrutura urbana · Espaço livre Uma das áreas planas e livres é o terreno da Light adjacente à comunidade. Esta área é de convergência das pessoas e via de acesso, espaço consolidado como ambiente de encontro, estar e lazer da comunidade.
O programa para esta área leva em conta sua singularidade física e o significado cultural e simbólico que tem para a comunidade e suas lideranças. Propõe-se a construção de um espaço comunitário através de uma praça linear ao ar livre, com elementos do mobiliário urbano, definindo-se espaço de convivência e lazer apropriados e integrados às criança, jovens e idosos. Espera-se dar um uso comunitário a área, suprindo a carência de áreas livres de lazer e evitando uma possível expansão irregular da comunidade.
Deverão, também, ser potencializadas as áreas (pequenos largos) situadas em diversos pontos das vias internas da comunidade, conforme indicado no item “vias de acesso”.
Centro Comunitário Propõe-se também a criação de um Centro Comunitário integrado à sede da Associação de Moradores, no local atualmente ocupado por esta. Deverão ser previstas ambientes destinados a cursos profissionalizantes, atividades culturais e recreativas e geração de renda, dentre outras.
Creche Quanto à proposta de Creche, presente nas reivindicações dos moradores, deve-se destacar as características limitadoras das áreas livres disponíveis, considerando-se as suas reduzidas dimensões. Associa-se a isto, as peculiaridades tipológicas inerentes a este equipamento o que possibilitaria o desenvolvimento de um programa de creche para aproximadamente 120 crianças em tipologia de dois
Vias de Acesso A qualificação das vias já existentes ou projetadas através de pavimentação e drenagem possibilitando o acesso de carros e caminhões, conjuntamente com criação de novos caminhos internos e a consolidação dos já existentes, melhorará significativamente o acesso à comunidade, possibilitará a criação de referências visuais, e pequenas áreas (largos) de amenização e estar.
Reassentamento A identificação de áreas para possíveis reassentamentos, buscou criar alternativa à ocupação de áreas de risco e/ou de preservação ambiental. Buscou-se organizar e definir limites na expansão espontânea e requalificar áreas com edificações em estado precário e com baixa densidade, com observa-se nos mapas do diagnóstico.
Prevê-se a construção de cerca de 80 (oitenta) unidades habitacionais, o que atenderia a demanda frente a geradas pelas realocações e aquelas advindas das habitações concomitantemente ocupadas por mais de uma família.
Infra-Estrutura Urbana Referenciadas em análises e avaliações técnicas, as proposições relevantes são as seguintes:
- Sistema de abastecimento d’água
Projeto da rede de abastecimento de água. (prancha 19 do Plano de Intervenção).
- Sistema de esgotamento sanitário
Projeto de rede de esgotamento sanitário, incluindo uma Estação de Tratamento de Esgoto-ETE, devido à precariedade do sistema existente. (prancha 18 do Plano de Intervenção).
- Sistema de drenagem
Projeto de rede apropriada de drenagem constituída de duas grandes galerias ao longo das vias longitudinais limítrofes que ligam a Av. Brasil ao Canal Calogi, possuindo ainda redes internas enterradas e superficiais onde não há declividade acentuada. (prancha 17 do Plano de Intervenção).
Intervenções relevantes:
a) Canal natural ao longo das linhas da LIGHT;
b) Deságüe onde existirão comportas tipo “flap”;
c) Estação de Tratamento de Esgoto-ETE;
d) Abertura de via ao longo do rio Calogi liberando suas margens;
e) Canalização completa do rio Calogi no trecho da comunidade.
- Sistema de distribuição de energia elétrica e iluminação pública
Retificações e reparos em alguns trechos, já que a Comunidade Parque Nova Esperança é atendida integralmente pelo sistema de distribuição oficial da LIGHT.
- Sistema de telefonia
Instalação do sistema de telefonia residencial e comercial, o que está sendo estudado pelo setor de Projeto de redes da Telemar, e de telefones comunitários, inexistentes no local.
- Arborização
O plano de arborização deve ter como base na vegetação original do sítio, seja nas áreas públicas ou privadas, como, aliás, constata-se em diversos quintais. Deve preservar e valorizar os marcos referenciais da comunidade, acompanhar o traçado irregular da área, contribuir esteticamente, trazer conforto térmico e ser elemento de preservação ambiental através do plantio de espécies adequadas e evitar a ocupação, pela comunidade, em áreas de risco.
- Tipologias
As novas construções deverão procurar uma relação respeitosa com o entorno, introduzindo práticas projetuais participativas, não meramente estéticas, buscando racionalização, conforto ambiental, satisfação dos usuários e adequadas à comunidade.
As novas unidades a serem edificadas, especialmente aquelas localizadas junto ao Canal Calogi, apresentam cota de soleira elevadas 50cm do nível do solo.
Associação de moradores - plantas, fachada e cortes.
Fonte: Acervo LabHab
Fonte: Acervo LabHab
Fonte: Acervo LabHab