Conjunto Pedregulho
Em 1946 é fundado o Departamento de Habitação Popular (DHP), por Carmen Portinho que assume o papel de diretora, sendo Alfonso Eduardo Reidy coordenador geral de projetos. O DHP funcionava como um escritório público de arquitetura, concebendo projetos de conjuntos habitacionais, pequenas residências para a população de menor poder aquisitivo, e atendimento técnico às pessoas, fornecendo inclusive projetos de legalização de residências. Neste contexto foi projetado em 1947 o Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes, conhecido como Pedregulho, que se destacou como um ícone da arquitetura moderna brasileira, por sua aplicação plena dos pressupostos da arquitetura moderna direcionada para a habitação de interesse social, em uma solução criativa, inovadora, com destacável resolução plástica e funcionalidade. Segundo Carmen Portinho (in Cavalcanti 1987:72, apud Bonduki, 1998:134), “Pedregulho foi feito para chamar atenção do mundo inteiro. Só assim, aqui no Brasil, aceitariam a ideia.” “Pedregulho não era obra isolada nem ponto de partida – ao contrário, o conjunto veio na sequencia de uma série de projetos e obras anteriores, elaborados no período de 1937-50, que abordavam o problema da habitação social de maneira criativa e inovadora, incorporando os princípios da arquitetura e do urbanismo modernos.” (Bonduki, 1998:134). |
O conjunto foi implantado entre os bairros de São Cristóvão e Benfica que se situam no limite da área central da cidade, adjacente à Zona Norte, e próximo a eixos viários importantes como a Linha Vermelha, a Av. Brasil e a Av. Dom Helder Câmara, e próximo às estações de trem e metrô de Triagem. Conta com três blocos de edifícios habitacionais, clube, escola, lavanderia, mercado e posto de saúde, de modo a formar uma unidade de vizinhança (era ainda previsto uma igreja e mais um edifício residencial, que nunca chegaram a ser construídos). A implantação do conjunto seguiu as premissas modernistas de edificações soltas no terreno, sem o estabelecimento dos limites das ruas. O edifício residencial principal (bloco A) foi implantado de forma a tirar partido das curvas de nível do terreno adaptando-se à paisagem. O conjunto do Pedregulho contém 328 unidades habitacionais de diferentes tipos variando entre apartamentos de sala, cozinha e banheiro, a apartamentos duplex de 1, 2, 3 e 4 quartos, sala cozinha e banheiro. A maioria dos moradores foi previamente selecionada, tendo sido formada por funcionários do governo do Distrito Federal. O para o estudo de representação social da moradia realizado no âmbito do grupo de pesquisas LabHab, foram efetuados para este conjunto, 112 questionários aos moradores dos três blocos habitacionais, que tiveram como objetivo explorar a relação do morador com sua residência e com o conjunto, bem como levantar aspectos socioeconômicos e demográficos. |
Fonte: Acervo LABHAB