O conjunto do IAPI na Penha
O conjunto do IAPI na Penha, bairro tradicional da Zona Norte foi projetado inicialmente pelos arquitetos Marcelo e Milton Roberto, em 1947, embora tenha sido modificado pelo corpo técnico interno do órgão. Entre este projeto e o início da construção do conjunto passaram-se sete anos, durante os quais se deu a constituição do corpo técnico do Instituto. O momento de dar início à construção do Conjunto da Penha, em finais da década de 1940, é o da inflexão na trajetória da produção habitacional do IAPI. Tomam o lugar das concepções individuais, projetos coletivos dos técnicos de carreira estatal. A experiência acumulada durante a construção de vários empreendimentos habitacionais, além das outras constantes atividades de capacitação aprovisionadas pelo Estado, possibilitou a concepção de um projeto-modelo para outras realizações que se seguiram. (NASCIMENTO; BOTAS, 2009) Foi composto originalmente de 1.236 apartamentos, distribuídos em 41 edifícios, com estimativa de abrigar uma população de aproximadamente 10.000 habitantes, atendendo principalmente a trabalhadores de unidades industriais do próprio bairro, e de outras regiões do Rio de Janeiro. O conjunto foi inserido em um “canto” da zona urbanizada do bairro da Penha, adjacente a uma área de proteção ambiental, na proximidade com a antiga ferrovia “Leopoldina Railway” e com a Avenida Brasil, importantes eixos de circulação viária da cidade. |
O bairro já se encontrava na época em fase de formação urbana adiantada, e a proposta de implantação do conjunto se caracterizou pela contraposição da intervenção em relação à cidade envolvente (figura 19), tendo sido adotada uma malha viária própria, baseada nos conceitos modernistas de composição de unidades de vizinhança independentes, constituída de blocos de apartamentos afastados entre si por extensos gramados para utilização pública, interligados por um sistema básico de ruas largas. O conjunto contava ainda com uma escola, um ginásio, e uma grande praça central. Neste conjunto os arquitetos adotaram somente a tipologia de blocos de apartamentos em fita, com 35 edifícios de quatro pavimentos e seis blocos de três pavimentos. A homogeneidade volumétrica e tipológica, junto às restritas normas de uso dentro do conjunto, reforçou a característica de diferenciação entre conjunto e bairro. Os blocos possuíam uma caixa de escada para cada duas unidades, e todas as unidades contavam com fachada de frente e fundos. A área dos apartamentos variava aproximadamente entre 60, 65 e 72 m2, possuindo sala, três quartos, cozinha, banheiro, varanda e área de serviço. Para o estudo elaborado pelo LabHab-UFRJ, A coleta de dados nos conjuntos da Penha e Realengo realizou-se por meio da seleção aleatória de 100 unidades do conjunto de Realengo, e 156 residências no IAPi da Penha, com a preocupação de abranger todas as tipologias presentes. Foi realizado o levantamento das alterações no espaço físico, e aplicação de questionário composto de perguntas abertas, perguntas de ordem sócio-econômica, perguntas fechadas e associações de palavras. |
Fonte: Acervo LABHAB